Backbone, que chega para PS4 e PS5

Em 2017, o game que eventualmente se tornaria Backbone era totalmente diferente: um game de furtividade em um cenário de ficção científica. Durante uma sessão de brainstorming, a equipe foi interrompida por um barulho de fora da casa do co-fundador Nikita Danshin, em Vancouver. Guaxinins estavam atacando suas lixeiras, então para assustá-los, Nikita (que também é compositor do game) pegou a coisa mais barulhenta que achou por perto — seu trompete. Aí não conseguimos parar de rir sobre como seria engraçado jogar como um guaxinim assaltando o lixo das pessoas, e após algumas iterações, o mundo de animais antropomórficos de Backbone foi criado. 

O designer de personagens e artista sênior Kristina Dashevskaya criou os esboços para o detetive guaxinim de sobretudo e boca suja, Howard Lotor. Imediatamente nos apaixonamos pelo personagem, e o resto do mundo veio daí. 

Neste mundo, os Primatas estão no topo — eles são os arquitetos e governantes da sociedade, e eventualmente tomam decisões sobre o lugar de todos os outros. Leões e ursos estão logo abaixo deles, cães e gatos um pouso mais abaixo (mas ainda na classe alta), os guaxinins e raposas bem no meio de tudo, e roedores como ratos e coelhos são a classe trabalhadora. Assim como na vida real, essas regras são quebradas várias vezes, mas qualquer desvio é visto com olhares reprovadores, e a conformidade é celebrada. Bairros diferentes são habitados por grupos de espécies, então conforme você explora o mundo de Backbone, pode notar essa segregação sutil.

Ao contrário dos humanos sem graça, animais antropomórficos possuem várias maneiras de contar uma história através de suas roupas, traços, cores e até suas caudas. Cada espécie possui uma conotação forte no mundo de Backbone, então cada rato e leão possui estereótipos inerentes nos quais os personagens do game acreditam. Mas gorilas e hamsters podem ter o mesmo tamanho e altura, e sua espécie é mais um exemplo de uma construção social artificial do que uma lista de fatores biológicos. Assim como humanos, todos temos rostos e corpos diferentes, mas é a ordem artificial e a economia e propaganda que decidem o nosso lugar na sociedade. 

Embora Backbone pareça uma história sobre animais, na verdade é sobre a condição humana e sobre a beleza e a dor do dia-a-dia. Não dependemos de determinismo biológico no nosso design, embora os personagens do jogo julgam uns aos outros baseado em suas espécies. O fator animal ajuda a nos distanciar o bastante para examinar e desconstruir esses vieses do mundo real sobre pessoas reais, mas há um equilíbrio frágil em tentar nunca chegar muito perto da verdade, não se apropriar de nada e nem diminuir a experiência humana real. 

Menkay

Estudou na instituição Leonardo Da Vince, cursou Tecnólogo de Segurança do trabalho, fez Design no CETEB, Amante de literatura e Criador do canal do Menkay, sua paixão é produzi conteúdo para youtube de games.

https://www.menkay.com.br

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